
Banda de Música de Belinho em Concerto comemorativo do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
No passado dia 9 de Junho, a Banda de Música de Belinho subiu ao palco do Auditório Municipal de Esposende para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Sob direcção do Maestro Bruno Santos, a banda interpretou de forma sublime uma selecção musical especialmente concebida para o evento que não deixou ninguém indiferente.
Granada de Esteban Batallán, Capricho Italiano de Tchaikovski, Libertadores de Oscar Navarro, El Sol de Sevilla de Bertrand Moren, a Volta a Portugal de Luis Cardoso, Florentiner March de Julius Fucík, terminando com o Hino Nacional, fizeram as delícias da plateia, que encheu o auditório para disfrutar do espectáculo e usufruir de uma noite diferente.
À apresentação dos mais jovens membros da banda pelo Presidente da Direcção (Sr. Manuel Fernando) seguiram-se algumas palavras da Vereadora da Cultura (Dra. Angélica Cruz) que enalteceu o trabalho desenvolvido pela Banda de Música de Belinho e sua escola, não apenas no ensino da música, mas no precioso contributo social, transmissão de valores, e integração positiva das crianças e jovens na comunidade.
ENTREVISTA
Manuel Fernando Lima Torres, tem dedicado a sua vida a Belinho. Durante vários anos enquanto Presidente da Junta de Freguesia e actualmente através da direcção da Escola CEFORM – Centro de Formação Musical, na qual se encontra integrada a Banda de Música de Belinho.
Partilha a alegria de quem vê nascer e formar jovens talentos que ano após ano se desenvolvem e consolidam. De quem acompanha os primeiros passos de uma criança que inicia um instrumento, até a ver enveredar pela música e brilhar a nível profissional.
Fala da Banda e dos seus músicos, com o entusiasmo de quem acarinha um projecto como se este fosse uma extensão de si mesmo.
Alguém que dá continuidade a um legado, com o olhar voltado para o futuro e para as novas gerações.
– A banda de música de Belinho conta já com um percurso muito longo, pode contar-nos um pouco da sua história?
A notícia mais antiga de que há registo remonta ao final do séc. XIX, 1890, mas a banda é muito anterior. As primeiras notícias surgem por aquilo que a banda de Belinho foi famosamente conhecida, que era a sua participação nas cerimónias fúnebres. As marchas fúnebres de Esposende são únicas no pais e há referencias de que que teriam sido trazidas do Brasil pelo regente da banda, Sr. António Gonçalves Marques. Um homem que dedicou a sua vida à banda de música, além de ser um exímio executante que tocava todos os instrumentos. Nos anos 80 (85, 86) a banda passou por alguns problemas e deixou de estar activa. Já no ano 2000, sendo eu Presidente da Junta de Freguesia de Belinho, lançamos o desafio de iniciar uma escola de música. Com a verba que tínhamos da antiga direcção da banda, recuperamos o instrumental e começamos no dia 22 de Abril com 22 alunos. Passados dois anos fizemos a nossa primeira actuação no S. João das Marinhas. Inicialmente as aulas era dadas no salão da Junta de Freguesia, mas em 2005 passámos a ocupar as instalações da antiga escola primaria. Por volta de 2013, 14, a banda passou novamente por uma situação um pouco complicada. A direcção tinha terminado o mandato e houve durante algum tempo um pequeno vazio. Como eu tinha saído da Junta em 2013 e atendendo a que era um projecto que eu tinha também ajudado a nascer, lançaram-me o desafio.
-Quem é o vosso Maestro?
O maestro Bruno Santos está connosco desde 2014 e tem feito um trabalho excepcional. É um maestro jovem, mas muito exigente e perfeccionista, que lança desafios difíceis e leva os músicos a dar provas do que realmente são capazes.
– E os professores?
Os professores que neste momento dão aula no Centro de Formação Musical foram todos jovens que nasceram na nossa escola.
– Qual é para si a importância do ensino da música no desenvolvimento e integração dos jovens? É fácil conciliarem os ensaios com as outras actividades?
Eles têm tempo para tudo, não é por acaso que temos os melhores alunos da escola das Marinhas e de Esposende e alunos brilhantes nas universidades, mas que mantem a sua humildade e são um exemplo para os mais novos. A alegria com que tocam é notória. Os jovens que estão ligados à música têm outra atenção, outra responsabilidade. É raro termos um aluno que esteja connosco e que não tenha também bom rendimento na escola.
– Foram considerados a melhor banda do distrito de Braga…
Sim, ganhamos a gravação de um CD em 2016, assim como este ano ganhou a Banda de Antas, o que só vem honrar o concelho. Acho que Esposende é conhecido entre outras coisas, também pelas bandas que levam bastante longe o seu nome.
– Existem muitos eventos onde as bandas possam apresentar-se?
O grande campo de apresentação são as festas e romarias. Estamos sempre presentes na Feira Medieval de Esposende e participamos em festas onde somos contratados. Fazemos concertos e estivemos na praça da alegria, da RTP que foi um espectáculo brilhante.
– Este projecto é um desafio pessoal?
Sim, é um desafio na medida em que a minha função é um pouco complicada, porque eu quero o melhor para a banda, mas também compreendo que a câmara não pode fazer tudo num dia.
– Quais as maiores dificuldades com que se depara?
Nós temos grandes projectos pela frente, mas estamos com dificuldades porque não temos condições para fazer um ensaio com todos os elementos (são sessenta e cinco alunos). Não temos capacidade de funcionamento, de alargamento… o que mais me preocupa são as instalações.
– Como vê o futuro da Banda?
Eu acredito profundamente no Sr. Presidente da Câmara e estou convencido de que ele irá continuar a olhar para Belinho e para este projecto, porque há obras materiais que fazem imensa falta, mas o desenvolvimento cultural e intelectual são um investimento no futuro. As bandas de música são o local onde as crianças das escolas de música colocam em prática os seus conhecimentos. A música pode abrir-lhes novas possibilidades, inclusive a nível profissional como tantas vezes tem acontecido. Estou muito satisfeito com este grupo, mas acho que podemos dar mais. E podemos chegar muito longe, se nos deixarem ir.
Publicado em Esposende Semanário 06/18.